Todas as regiões do globo ocupadas por seres humanos contam com múltiplas origens em suas tradições culturais e composição étnica. Nenhum lugar do mundo abriga uma única cultura ou uma etnia exclusiva. Em meio a toda essa diversidade, um país se destaca entre todos, por possuir aquela que talvez seja a mais diversificada das populações humanas, identificando suas origens em todos os continentes e em uma imensa quantidade de países e regiões.
Este país é o Brasil, terra que orgulhosamente chamamos de lar. Hoje em dia, vemos em nossas cidades e zonas rurais uma miríade de pessoas que ostentam diferentes características físicas, professam diversas fés e se inserem em múltiplos paradigmas culturais. No entanto, nem sempre foi assim. As etnias e povos que formam a população brasileira chegaram ao nosso território gradativamente, fazendo parte de uma história que talvez remonte à longínquos 48 mil anos no passado, de acordo com descobertas como o crânio de Luzia, em Lagoa Santa.
Estes primeiros habitantes, cujo origem ainda é bastante controversa e misteriosa ocuparam o território por um bom tempo até terem que dividi-lo com outros migrantes que chegavam das regiões mais ao norte das américas. O resultado deste encontro são as diversas etnias nativas do Brasil, que são denominadas comumente “indígenas”, ou “índios”. Estes foram os primeiros habitantes de nosso país, e desenvolveram diversas culturas e civilizações baseadas na agricultura, criação de animais, caça, pesca e coleta.
Foi assim durante muitos milhares de anos, até a chegada da próxima onda colonizadora, desta vez vinda da Europa, nas caravelas portuguesas. O encontro entre os europeus e os nativos foi um choque de culturas, que resultou em conflitos, mas que também terminou por gerar um novo paradigma cultural, no qual elementos portugueses e nativos se misturaram formando novas estéticas e tradições.
A relação entre indígenas e portugueses foi a única troca cultural existente no Brasil por pelo menos 150 anos, quando uma nova onda de ocupação chega ao país, de forma forçada. Trata-se dos muitos povos africanos da costa atlântica, escravizados e trazidos através do oceano para trabalhar nas lavouras e minas exploradas pelos portugueses.
Assim como ocorre com os indígenas, a relação entre europeus e africanos é conflituosa, mas também possui espaço para trocas culturais, que se estendem também aos nativos. Assim, por volta do século 18, já havia no Brasil culturas únicas e vibrantes, formadas pelo encontro das primeiras matrizes culturais da nação.
Mas essa história não acaba ainda. Mais tarde, durantes os séculos 19 e 20, novas ondas colonizadoras aportam nas costas do país, vindas da Ásia e da Europa, trazendo diferentes povos com suas tradições e visões de mundo. Como antes, estas pessoas realizaram trocas culturais com quem já estava aqui, finalmente inserindo os últimos ingredientes no caldeirão cultural que se chama Brasil.
O processo de construção de novas culturas no Brasil segue vivo, contínuo e dinâmico, a medida que nosso país vai acolhendo outros povos, como ocorre hoje com os árabes, chineses e imigrantes vindos voluntariamente dos países da África e Américas. Por isso tudo, os traços culturais dos brasileiros são muito diversificados, e nosso país abriga a população mais diversa do mundo, seja cultural ou etnicamente falando.
A cultura nacional é fundamental para a transformação do país, e para a construção de um Brasil melhor no futuro. Somos um povo diverso e plural, que precisa compreender sua própria origem, reconciliar-se com sua formação e assumir, orgulhoso, tudo aquilo que nos faz ser quem somos e forma nossa riquíssima identidade nacional. Para isso, a melhor alternativa é trabalhar a consciência étnico-cultural e o senso de identidade desde a base, ou seja, educar nossas crianças para que vejam a beleza do diferente e se sintam parte do todo que forma nosso mundo. Para isso, contamos com os princípios montessorianos, que tanto podem fazer por uma educação inclusiva, que reflita nossa identidade como povo e respeite toda diversidade e pluralidade que fazem do povo brasileiro o que ele é.