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Aprendendo a empatia verdadeira

Montessori

Cada vez mais, vivemos em bolhas. A maioria de nós está cercada por pessoas que se parecem conosco, ganham como nós, gastam dinheiro como nós, têm o mesmo tipo de educação que nós e amam como nós. O resultado é um déficit de empatia, que está na raiz de muitos de nossos maiores problemas. À medida em que os círculos sociais das pessoas se tornam homogêneos, e devido ao fato de que muitos seres humanos seguem mantendo preconceitos ensinados através de gerações, cada vez mais nos tornamos solitários, angustiados e fechados. Será que terminaremos por perder por completo a empatia? De acordo com a ciência, a resposta é não, desde que sejamos capazes de ensinar às futuras gerações e a nós mesmos como nos colocarmos no lugar do outro. 

Há medidas que as pessoas podem tomar para reconhecer seus preconceitos e ir além de suas próprias visões de mundo para tentar compreender as outras pessoas. E embora alguns de nós sejam naturalmente mais empáticos, existem exercícios que qualquer um pode fazer para melhorar sua capacidade de sentir-se no lugar do outro, e isso não é apenas um ato ético e nobre de nossa parte, mas também nos traz vantagens pessoais: 

Pesquisas demonstraram que a empatia torna as pessoas melhores, tanto no âmbito pessoal quanto na área profissional. Pessoas mais empáticas tendem a ser bem sucedidas em suas carreiras, mantém mais amizades ao longo da vida e cultivam melhores relações familiares. E quando nossas vidas pessoais estão equilibradas, temos mais tempo e disposição para pensar nos desafios coletivos, já que a conexão e a compaixão são cruciais para um futuro sustentável e humano. 

Assim, fica claro que todos podemos nos tornar mais empáticos. Porém, quando ensinados desde pequeninos, seres humanos desenvolvem a empatia em níveis surpreendentes. As crianças mostram empatia desde que são bebês, quando imitam expressões faciais e aprendem a sorrir de volta para as pessoas. Elas levam mais tempo para aprender a considerar as perspectivas das outras pessoas, uma vez que precisam de desenvolvimento cognitivo para isso, mas há maneiras pelas quais as famílias podem ensinar empatia, acelerando e implementando o processo natural de acordo com o qual ela é adquirida. E isso é mais simples do que parece. Algumas atitudes cotidianas são muito valiosas quando se deseja formar pessoas empáticas e sensíveis aos problemas do mundo e dos outros seres humanos:.

 

  • Pergunte às crianças o que elas pensam que os personagens dos livros ou durante as brincadeiras imaginativas estão sentindo, com base em suas expressões faciais ou no que está acontecendo com elas na história.

  • Não instrua seu filho a pedir desculpas. É um instinto natural, mas os especialistas dizem que pode ter um efeito contrário porque não exige que eles pensem genuinamente sobre os sentimentos da outra pessoa. Ao invés disso, faça perguntas como: "Como você acha que ele está se sentindo? O que você poderia fazer para ajudá-lo a sentir-se melhor?"

  • Ajude seus filhos a nomear as emoções deles. Quando estiverem chorando de frustração ou de raiva, ou quando não quiserem que a hora de dormir venha ou que a escola comece, dê-lhes palavras para seus sentimentos. Expresse seus sentimentos diante deles, também, usando todo o vocabulário emocional.

  • Quando você estiver discutindo problemas que eles estão tendo, como com um irmão ou amigo na escola, peça-lhes que considerem a perspectiva da outra pessoa. 

  • Seja você mesmo um modelo: procure cuidar das pessoas em momentos difíceis, pratique o voluntariado em sua comunidade, dê boas-vindas para uma nova família na escola ou na vizinhança..  

  • Leia para seus filhos e escolha livros com um elenco diversificado de personagens - incluindo crianças de diferentes etnias, fortes protagonistas femininas e crianças com deficiências - para que as crianças possam ver os personagens com os quais se identificam e aqueles com os quais não se identificam. 

 

Para famílias que não pertencem à minorias étnicas e sociais:

 

Se em sua família - sendo um caso raro - não há pessoas de diferentes etnias, orientações sexuais e afetivas e etc, não evite falar sobre raça, identidade de gênero, nível de renda ou outras diferenças entre as pessoas. Ao contrário, pontue as diferenças e destaque sempre a diversidade. Crianças, mesmo as em idade pré escolar, são capazes de aprender preconceito e reproduzi-lo, mesmo que as demonstrações sejam sutis e raras. Quando os adultos não falam sobre o preconceito  com as crianças, isso pode piorar a situação - as crianças acabam não somente reproduzindo o preconceito, mas também absorvendo estereótipos da sociedade ou assumindo que é a diversidade é um tópico tabu. Por isso, mesmo que você não faça parte de nenhuma minoria, mostre a seus filhos toda diversidade do mundo e faça com que ele entenda que ela é perfeitamente normal, sendo regra e não exceção. 

E acima de tudo, nunca se deve silenciar as crianças quando elas comentam sobre a cor da pele, ou saltar as partes dos livros quando os personagens enfrentam discriminação - estes são os momentos de aprendizado. Em vez disso, fale sobre discriminação, e por que ela está errada. 

 

Para famílias que pertencem à minorias étnicas e sociais:

 

Para famílias pertencentes a minorias, as conversas sobre preconceito e empatia costumam começar mais cedo, por necessidade. Os pais tentam proteger seus filhos contra o racismo, a xenofobia e a intolerância religiosa, e se asseguram de que eles sejam expostos a pessoas como eles.  E isso é mesmo o mais correto a se fazer: 

Traga à tona tópicos como gênero, raça e cor. Explique que ao mesmo tempo em que não existem raças humanas e que a humanidade é una, o racismo de fato existe. Comente sobre o fato de que meninos e meninas nem sempre tiveram permissão de fazer as mesmas coisas; que famílias diferentes têm diferentes níveis de recursos econômicos; que os corpos das pessoas são de formas e tamanhos únicos; que as famílias são compostas de diferentes combinações de pessoas. 

Demonstre à criança que sua etnia, a orientação de seus pais e sua classe econômica possuem uma história, mas não foque apenas nos grandes personagens: mostre famílias como a sua "fazendo coisas normais, aproveitando suas vidas”. E sempre, sempre faça com que seus filhos sejam felizes consigo mesmos e tenham orgulho de suas origens. 

 

Para todas as famílias: 

 

As crianças que têm essas conversas abertas e honestas com seus pais são mais capazes de reconhecer as desigualdades estruturais que existem em nossa sociedade. Por isso, qualquer que seja sua etnia, classe social, origem geográfica ou orientação afetiva, seja franco com seus filhos. Ensine-os a combater e repudiar verdades absolutas e estereótipos. Encoraje suas crianças a fazer uma grande variedade de atividades e passar tempo com muitos amigos, de diferentes origens e realidades. 

Ensine os pequenos a questionar lugares comuns  como "Os meninos não brincam com bonecas" ou "As meninas não são boas na ciência", lembre-os de que isso não é verdade. Se você notar estereótipos nos programas que eles assistem ou nos livros que lêem, discuta-os: "Parece justo que apenas os meninos tenham participado do jogo de futebol" ou "Por que você acha que é a mãe quem faz todas as tarefas domésticas?" 

Mostre  a eles o que fazer se sofrerem discriminação ou se virem outra pessoa sendo discriminada. Ensine seus filhos a dizer "Pare" ou "Isso é indelicado", a ficar ao lado da pessoa que está sendo alvo de discriminação, ou a encontrar um adulto de confiança e a lutar por seus direitos, sempre afirmando a igualdade de direitos e condições entre todos.

 

Um lembrete final:

 

Nunca nos esqueçamos das palavras de Maria Montessori: “Mudar a representação do mundo, construir a fraternidade mundial das crenças, aprender a interdependência que nos une e a diversidade que nos enriquece, aprender a responsabilidade: tudo isso se faz na educação”, e que todos possamos seguir juntos rumo a um futuro mais humano. 

 

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