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Contando histórias: uma visão montessoriana

Montessori


 

"Você pode me contar mais uma história?"

 

Todos os pais já ouviram essa pergunta, feita geralmente bem depois da hora de dormir. Crianças amam as histórias, pois são seres humanos. E as histórias, assim como a arte de contá-las, fazem parte de nossa própria natureza. Desde tempos imemoriais, nossos ancestrais se reuniam ao redor do fogo para passar adiante as histórias de suas vidas, de suas lendas e dos mitos de seus povos. 

 

As histórias cativam, e têm sido usadas há mais tempo do que qualquer outra ferramenta de comunicação para transmitir lições importantes, informações, ou simplesmente para entreter. Historicamente, a escrita e a leitura estão ausentes das culturas de numerosas civilizações. Mas, seja qual for o povo ou etnia, contar histórias sempre foi parte central da convivência e um instrumento educacional importantíssimo. E por uma excelente razão: uma boa história envolve nossos cérebros de forma única. Nós, humanos, evoluímos para contar e apreciar histórias.

 

No currículo Montessori - que, como sabemos, se baseia na forma natural de aprendizado para formar sujeitos plenos - usamos a arte de contar histórias para introduzir idéias, ensinar novos conceitos e reforçar ou ampliar lições.

As histórias são mais efetivas para fixar o aprendizado que qualquer outra forma de narrativa. Basta observar a mudança em nosso cérebro quando ouvimos uma história em comparação com o que ocorre ao assistirmos uma palestra composta de fatos e números.

 

Ao ouvir uma história a criança usa mais do seu cérebro e é capaz de se conectar emocionalmente com os personagens, construindo, além disso uma ligação emocional forte com o contador de histórias. Além disso, os ouvintes de uma história aprofundam a sua capacidade de empatia e desenvolvem gradativamente sua capacidade de atenção. Estes resultados são exatamente o que a educação montessoriana espera incutir nas crianças, e é por isso que a prática da contação de histórias é tão central no currículo.

 

Mas não basta apenas contar qualquer tipo de história. Como sempre, é preciso adaptar essa prática às necessidades da criança, através do que Maria Montessori chamou de planos de desenvolvimento. Para cada faixa etária, há um tipo de história adequado, e as famílias que desejam utilizar essa fantástica ferramenta pedagógica devem sempre estar atentas ao conteúdo correto para a idade de seus filhos. A seguir, falaremos um pouco mais sobre as categorias de histórias mais recomendadas para cada etapa da infância.

 

1 - Primeira infância

 

As melhores histórias para esta faixa etária são as verdadeiras, ou pelo menos as mais realistas. As crianças de 0 a 6 anos estão obtendo progressos rápidos no desenvolvimento da linguagem. Por isso usamos uma linguagem simples de entender, ao mesmo tempo em que gradativamente adicionamos palavras mais complexas, a fim de apoiar seu desenvolvimento atual, ao mesmo tempo em que expandimos seu vocabulário.

 

É interessante  evitar histórias de fantasia nesta fase, preferindo narrativas sobre coisas que realmente aconteceram, ou que poderiam acontecer no mundo real. Ter um forte senso de realidade é importante para a criança no primeiro plano de desenvolvimento, por isso essa deve nossa prioridade máxima.

 

2 - A partir dos 6 anos

 

O horizonte mental da criança não está limitado ao que ela vê. De acordo com Maria Montessori, as crianças têm  um tipo de mente que vai além do concreto, encontrando na imaginação um fator importantíssimo para que compreendam as complexas interações entre os seres humanos e o mundo. 

 

No Método Montessori, levamos em consideração esta característica da mente infantil, e utilizamos as histórias como veículo para o ensino de lições fundamentais sobre o todo que nos cerca. Assim, ao matricular seus filhos em uma escola montessoriana, as famílias irão notar que temos algumas histórias que contamos tradicionalmente, às quais nos referimos como “Grandes Histórias”. Entre elas estão as histórias do Universo, da Vida, dos Humanos, da Escrita, dos Números… e, claro, a história individual de cada aluno. 

 

Estas histórias foram desenvolvidas para as aulas do ensino fundamental e têm como objetivo introduzir estes conceitos aos alunos. Estas “Grandes Histórias” foram desenvolvidas para inspirar admiração e curiosidade acerca da origem de todas as coisas. As histórias são intencionalmente amplas e contadas de modo a capturar a imaginação da criança, estimulando o desejo de descobrir e saber mais. O professor também usa demonstrações científicas e gráficas enquanto conta as histórias, lançando as bases para o aprendizado futuro.

 

Em nossas aulas do ensino fundamental também estimulamos a leitura, permitindo que as crianças retirem livros na escola e os levem para casa, incentivando-as a ler e compartilhar suas impressões com os colegas, que também trarão suas próprias impressões sobre diferentes livros, criando assim um ambiente no qual pequenos leitores desenvolvem o apreço pelas histórias e se tornam capazes, de forma autônoma e natural, de contá-las, dividindo seus interesses e desenvolvendo a curiosidade pelos interesses literários de seus pares. Este tipo de conexão com as histórias ajuda as crianças a entenderem melhor os detalhes e desenvolverem um senso crítico que lhes permitirá, no futuro, avaliar situações e criar alternativas criativas para solucionar problemas, ao invés de apenas decorar e memorizar fatos.

 

3 - Dos 10 anos em diante

 

As crianças mais velhas, do quinto ano em diante, são parte de muitas das famílias que fazem parte de nossa comunidade escolar. Falar sobre elas - especialmente neste momento - é importante, principalmente devido ao papel de estimuladores e incentivadores do desenvolvimento das crianças menores.  As crianças nessa faixa etária são expressivas, dramáticas e adoram entreter. Além de ouvintes, elas gradativamente se tornam os contadores e apreciam todo tipo de histórias, desde as fantasiosas (que já sabem identificar como distintas da realidade) até as verdadeiras ou realistas, criando peças de teatro, encenações dramáticas, ou simplesmente narrando. 

 

Ser capaz de contar histórias desta forma gera confiança nesta faixa etária tipicamente auto-consciente, e proporciona uma oportunidade de desenvolver habilidades em falar em público, comunicar-se com os outros, e em auto expressar-se. Além disso, os jovens contadores de histórias são de importância fundamental para as crianças menores, que vêem neles um exemplo a ser seguido, e uma base para adquirir as habilidades que precisam desenvolver para o futuro.

 

Contando histórias em família

 

No momento que vivemos, as histórias não podem ser contadas na escola. Mas podem, e devem, seguir sendo contadas em nossos lares. Por isso, recomendamos que agora, mais que nunca, as histórias da hora de dormir sejam valorizadas e que constituam parte da rotina infantil. As famílias devem contar histórias de todos os tipos para seus filhos - sempre prestando atenção às recomendações específicas para cada plano de desenvolvimento - estimular as crianças maiores a criar e contar histórias, e incentivar as menores a ouvi-las e a ir, gradativamente, desenvolvendo a habilidade de criar suas próprias narrativas. 

 

Histórias são uma das mais antigas expressões de criatividade e cultura humana, ajudando a manter nossos laços e a fortalecer nosso senso de pertencimento. Elas nos ajudam a encontrar e definir nosso lugar no mundo, e atuam como um magnífico agregador social, especialmente em tempos de crise como os que vivemos agora. Deixemos que elas cumpram seu papel, e nos mantenham unidos e entretidos, aprendendo e ensinando todos os dias. 


 

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