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Continuando nossa série de textos sobre a importância da continuidade do Método Montessori em casa, chegamos à terceira e última parte. Já falamos aqui sobre como tornar o entorno do lar mais próximo dos parâmetros montessorianos, e detalhamos o que pode ser feito para que bebês e crianças da primeira infância aproveitem os benefícios de um ambiente preparado em seu cotidiano fora da escola. Agora, chegou a hora de nos dirigirmos às famílias das crianças maiores, acima dos 6 anos.
Nesta faixa etária, a criança já diferencia a realidade da fantasia, compreende bem as relações de causa e efeito e possui uma cognição refinada e próxima à nossa, muito embora ainda exista um longo caminho a percorrer - passando pela complexa adolescência - até o ingresso no mundo adulto. Como sabemos, durante as etapas do desenvolvimento infantil, o processo de aprendizagem se torna mais e mais complexo à medida que o cérebro se desenvolve e novos desafios e descobertas se apresentam. Assim, podemos dizer que o maior desafio para as famílias das crianças maiores é acompanhar o ritmo de seus filhos.
Para aqueles que já mantinham as crianças em uma escola montessoriana e desde o início procuraram adaptar o ambiente doméstico de acordo com a premissas do método, as coisas são realmente mais fáceis, pois é possível construir sobre um alicerce já existente. Se sua família ainda não começou, não se preocupe - nunca é tarde demais para isso..
É importante notar que a implementação do método Montessori - em qualquer idade - requer algum planejamento avançado, mas este planejamento é ainda mais determinante para o sucesso com crianças em idade escolar. Atividades práticas, como cozinhar, limpar e ler são essenciais para incorporar em sua casa. Continue usando as prateleiras baixas e as modificações para fornecer acesso, tão úteis na primeira infância. Todavia, tenha em mente que logo elas deixarão de ser necessárias para muitas atividades cotidianas. A percepção disso é excelente para as crianças, que enxergam como uma grande conquista alcançar um interruptor de luz ou a pia da cozinha sem ajuda, por exemplo. E é papel do adulto valorizar estas conquistas (sempre dando um reforço positivo discreto, sem exageros ou excesso de elogios).
Tenha em mente, também, a variação de interesses infantis. Conforme as crianças crescem, troque os brinquedos mais simples por quebra-cabeças, livros e outras atividades apropriadas para a idade. Você pode -e deve - inclusive incorporar itens que reforçam o que eles têm aprendido na escola (o que inclui a aquisição de alguns materiais específicos. Para se informar sobre quais adquirir, é interessante procurar a escola). No entanto, nunca se esqueça: o objetivo de seus esforços não é sobrecarregar a criança com conhecimento e atividades, mas encontrar maneiras práticas de ensiná-los tanto os conteúdos acadêmicos quanto habilidades diárias.
Nota: no caso dos alunos de nossa comunidade, recomendamos que as famílias verifiquem com nosso profissionais o que devem ou não fazer antes de reforçar o aprendizado em sala de aula em casa. Há momentos mais propícios para o desenvolvimento de competências acadêmicas e outros mais adequados para ir trabalhando em habilidades mais práticas. É muito importante que o profissional de ensino oriente as famílias sobre quando se deve fazer cada coisa..
Escolha os itens que você coloca nas prateleiras, assim como algumas das atividades que você incorpora, em torno da personalidade e dos interesses de seu filho. Desta forma, eles vão querer fazer uso deles. Por exemplo, se você tem uma criança que mostra uma inclinação artística, suas prateleiras podem conter uma variedade de papéis e materiais de arte. Se o interesse de seu filho está na natureza, você pode continuar a construir as bandejas das quais falamos no texto anterior e incorporar livros sobre as plantas e animais, especialmente os nativos da fauna brasileira. Para todas as crianças, a leitura também é altamente incentivada. Uma boa opção para incentivar o hábito é criar um “canto da leitura”, em algum lugar da casa no qual a criança se sinta confortável.
Se sua família tem várias crianças de várias idades, uma boa opção é se inspirar nos agrupamentos montessori, e gastar tempo incentivando as mais velhas a ajudar as mais novas, lendo livros e auxiliando nas tarefas e em outras atividades. Além disso, devemos notar que a partir dos seis anos, a criança ingressa no período da independência intelectual, querendo saber o porque de tudo e como tudo funciona. Livros para pesquisas são muito importantes, assim como uma rotina previsível para que a criança saiba o que haverá naquele dia e aprenda a ser responsável pela organização de seus materiais e dos suportes necessários para um determinado fazer. Aos poucos o adulto vai saindo de cena e dando espaço ao pensar da criança, ao seu planejamento e a sua própria noção previsibilidade, da qual necessita para organizar seu cotidiano de aprendizado.
Também é muito interessante que recordemos sempre acerca do papel do adulto preparado: as famílias devem se esforçar para atuarem como mediadores entre a criança e suas descobertas, e direcioná-las de forma sutil. Não seja excessivamente rígido, mas saiba estabelecer limites e rotinas. Não faça pela criança, mas ajude-a a fazer por si mesma. Guie-se pelo bom senso, e principalmente pelo conhecimento disponível sobre o Método, que pode ser amplamente acessado pela Internet e validado pelos profissionais que fazem parte de nosso quadro de colaboradores. Estaremos sempre disponíveis para tirar as dúvidas que porventura venham a surgir.
Antes de finalmente encerrar esta série de textos, é preciso dizer que sabemos que, neste ponto, você provavelmente tem muitas perguntas sobre a idéia de implementar os princípios e a filosofia método Montessori em casa. Embora a metodologia montessoriana seja amplamente baseada em uma forma mais simples de fazer as coisas, muitas vezes nossos conceitos vão contra muitas das práticas que as famílias mais acostumadas a uma educação “tradicional” aprenderam em seus anos nos bancos escolares. Então, se você está procurando mais informações sobre como incorporar essas idéias no ambiente de seu lar, a pesquisa e o aprendizado são fundamentais. Leituras como “A mente absorvente”, escrito pela própria Dra. Montessori, e “Método Montessori na educação dos filhos”, de Tim Seldin, podem ser complementadas e enriquecidas com o conteúdo de canais como o “Lar Montessori”, e, claro, os textos presentes aqui no nosso blog. Desejamos a todos sucesso na implementação do método em casa e boas leituras dos conteúdos necessários para fazê-lo! Nos vemos na semana que vem. Até a próxima!
