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Nota de Pesar: em luto e na luta pela educação

Montessori
Caras famílias,
 
Como todos devem saber, nesta quarta feira, 15 de maio de 2019, as trabalhadoras e os trabalhadores da educação básica e superior - pública e privada -  de todas as regiões do país,  anunciaram que cruzarão os braços e entrarão em estado de greve, em protesto pelos cortes de verbas, anunciados pelo ministro da Educação. Não se trata de uma paralização de cunho ideológico ou de um ataque ao governo. Trata-se da justa reação de nossa categoria a um retrocesso que coloca em risco o futuro de todas as crianças e jovens brasileiros, e, por extensão, o de toda sociedade. 
 
Segundo dados levantados pela Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados, o congelamento de recursos do Ministério da Educação e Cultura (MEC) compromete R$ 2,1 bilhões nas universidades e R$ 860,4 milhões dos Institutos Federais. Mesmo a educação básica, apontada como prioridade durante a campanha eleitoral, sofreu um corte de R$ 914 milhões. Tais cortes estão prejudicando a merenda e o transporte escolar das crianças da educação básica, além, claro, de prejudicar toda educação pública, cortando recursos de manutenção e de pesquisa. Os Institutos e Universidades Federais correm o risco de fechar suas portas. tudo porque o atual governo enxerga educação como gasto desnecessário, e diversas disciplinas fundamentais como desperdício de dinheiro público. Nada mais distante da realidade.
 
Há vasta evidência científica de que os gastos com educação, sejam eles no ensino básico ou na universidade, são na realidade investimentos. É notório o fato de que cada R$ 1,00 investido em educação gera um retorno de R$  1,85. Nenhum outro gasto governamental gera tanto retorno ao PIB, a não ser o da área de saúde. Investir em educação melhora a sociedade como um todo, trazendo benefícios que vão do desenvolvimento de novas tecnologias via pesquisa ao aprimoramento do senso crítico dos cidadãos, que assim se tornam aptos a fazerem boas escolhas políticas e administrativas. Não importa qual seja o alinhamento ideológico, uma coisa é certa: educação não é gasto, é investimento. E dos mais rentáveis.
A maior parte do povo brasileiro concorda com essa visão, e a adesão à greve nacional da educação é prova disso:  os profissionais da área contam com o apoio de famílias e alunos preocupados com os rumos do ensino no Brasil. Não podemos fechar os olhos para o desmonte da estrutura educacional de nosso país. E isso vale para todos, apoiadores ou opositores do atual governo. Os primeiros devem fazer a justa autocrítica e pensar de forma pragmática sobre as recentes ações do MEC, e os segundos devem não apenas protestar, mas também se abrirem ao diálogo e procurar conscientizar a população sobre medidas que vão muito além dos espectros políticos de "direita" e "esquerda", uma vez que afetam a população como um todo.
 
O Novo Alicerce é um colégio particular, onde a imensa maioria dos alunos conta com uma posição privilegiada diante da maior parte dos brasileiros que frequentam o ensino público (cujas mazelas todos conhecem). As famílias que compõe nossa comunidade escolar não passam, salvo raras exceções, pelos mesmos problemas de milhões de brasileiros que lutam cotidianamente para que seus filhos tenham uma educação de qualidade. Nossos professores não têm seus vencimentos atrasados, e nem sofrem com condições adversas para ministrar as aulas ou com falta de materiais adequados. Não somos, portanto, diretamente afetados pelos cortes, em um primeiro momento. 
 
Contudo, somos todos humanos: famílias, alunos e educadores. E como seres humanos, somos capazes de empatia. Somos capazes de perceber as necessidades do outro, de nos identificarmos com o sofrimento de nossos semelhantes. Podemos imaginar o que é perder anos de pesquisas que poderiam revolucionar diversas áreas do conhecimento tanto quanto conseguimos nos colocar no lugar das crianças que terão uma piora significativa em um ensino que já não é suficiente para coloca-las em pé de igualdade com seus colegas da rede particular. Podemos, devemos e iremos faze-lo. Não vamos, é claro, paralizar nossas atividades em um momento no qual nos preparamos para diversas atividades pré agendadas, como a Festa da Família. Não seria ético de nossa parte com as famílias que depositam em nós sua confiança. Seguiremos trabalhando, em respeito aos alunos e às famílias que contam conosco para seguir um ciclo de eventos proposto com tanta antecedência. 
 
Porém, não sentimos que seja justo de nossa parte seguir como se nada estivesse acontecendo. Não seria ético fechar os olhos diante de um corte absurdo, desencessário e prejudicial como o anunciado. Por isso, nos unimos ao protesto. Nos solidarizamos com nossos colegas de profissão, com seus alunos e com milhões de famílias brasileiras que sofrerão as consequências diretas desta política - para dizer o mínimo - equivocada. 
 
Por isso, amanhã, dia 15 de maio de 2019, estaremos em luto pela educação brasileira. Trocaremos o tradicional colorido de nossos uniformes pelo preto, em um protesto contra os cortes, pela sua imediata revogação, pela normalização do orçamento do MEC no ano corrente  e por uma revisão urgente e necessária das atuais políticas públicas propostas para a educação por parte do governo federal. Contamos com o apoio de todos os que compreendem a importância da educação para o futuro do mundo.
 
 

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